“Tá, então eu acordo hoje, e ele não.”
Foi a primeira coisa que consegui pensar. É esse tipo de coisa que dói. O tipo de coisa que faz o coração palpitar descompassado. Há coisas do mundo que simplesmente nunca vou conseguir entender.
Morrer. Ficar só. Não precisamos disso. Não deveríamos pagar assim. Você é louco por alguém, e simplesmente não vai poder ver essa pessoa sorrir nunca mais. Nunca mais. E não vai poder encontrar abrigo ali. Não mais. Não é certo. Tão poucas pessoas aprendem a amar. E as pessoas que nós amamos não deveriam ir. Nunca. Pergunto-me às vezes sobre o que posso fazer agora. O que vou fazer agora. Como vou fazer, e se isso vai ser anestésico. Se vai fazer parar de doer. É meio depressivo isso, não é?
Imagine-se andando sozinho, na chuva. Sozinho. Acho sinceramente que nunca vou me acostumar com esse tipo de coisa. É como ter que viver sem algo que sempre esteve ali. Mesmo que digam que passa. Acho que não passa, não. Acho que sempre vou lembrar. Acho que vai doer toda vez que eu fizer isso. É difícil demais lidar com tudo. Não gosto de mudanças. Não me acostumo com tal estilo de encarar as coisas. Um dia passa. Não, não passa. Acho que o normal mesmo é acordar, olhar a cara amassada no espelho, tentar não pensar em como os olhos ficaram inchados assim. Tentar não fazer tudo voltar. Tentar não voltar.
Acho que é assim mesmo.
Perder quem a gente ama é sempre algo difícil. E durante muito tempo procuramos explicação. Mas simplesmente não tem.
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