segunda-feira

1968 - 2


SEU ZÉ CARLOS

E a querida Ruth? Ela era a melhor pessoa do mundo. Tão doce, tão gentil, tão prestativa. E tão bonita. Meu deus, como era bela. Sempre deixando o longo cabelo castanho e ondulado brincar de fazer cócegas no vento. Ruth seria fácil, fácil o amor da vida de qualquer um. Não havia ser mais apaixonável.

E como era inteligente! Que falta que ela faz. Por onde anda? Com quem estará? Quando foi que perdemos contato de vez? Eu simplesmente não lembro. Parece fazer tanto tempo. Quase uma vida inteira. Talvez seja. Não sei.

Eu a conheci numa viagem que fiz ao Nordeste do país. Vivera por alguns anos na Europa, e viera ao Brasil para visitar a família. Falava dos motivos da grande depressão, dos prejuízos da guerra. Ruth dedicara um grande tempo tentando me ensinar a amar a vida. Mas eu nunca levei aquilo tudo realmente a sério. Até que ela se foi. Cansara.

Hoje, penso que um dos maiores erros que cometi foi achar que ela me pertencia. Ela nunca pertenceu a ninguém. Deve estar tão feliz hoje. Ruth sempre foi aquele tipo de pessoa que fez por merecer a felicidade. Deve estar casada. Espero que sim. Com alguém que ame a vida tanto quanto ela. Querida Ruth. Como eu queria lhe ter por perto agora. Mesmo como amiga. Só para poder pedir desculpa por tudo que eu disse. Por todas as coisas horríveis que eu fiz. Para poder dizer que sinto saudade.

 

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