sábado

Notação Pessoal

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Caminhar e fazer desenhos no céu, e girar o corpo entre os dedos, e correr sem medo entre segredos que ninguém jamais foi capaz de desvendar. E deixar que a história se conte, e esconder a vergonha de sorrir, e fazer de tudo um livro mais fácil e com letras menos rebuscadas. E não ter medo. E não ter medo. Não se importar por não entender de tudo, com a consciência de que nem tudo tem explicação, afinal. E acreditar que as coisas podem simplesmente acontecer, e que não precisam de um motivo concreto pra isso. E acreditar sem receio que filmes de romance realmente existem, e admitir que isso, no fundo, é o que todo mundo quer para si: uma historinha de final feliz. E não ter medo do escuro, porque afinal é no escuro que a mente se ilumina e que os pensamentos fluem da forma certa. Não ter medo de arriscar, de riscar o muro de coisas que você gostaria de ter feito, mas o medo não deixou e tempo se encarregou de apagar. E conseguir dizer não, e querer dizer sim. E ter plena consciência de que só porque você não grita, não quer dizer que as pessoas não notem seu desespero. E ter forças para admitir que as coisas não estão bem, quando elas não estiverem. Por favor, faça isso.
Falta muito pouco agora.

E Somos o Que Devemos Ser


"Mando-te beijos em outdoors pela avenida. Você, sempre tão distraída, passa e não vê... e não vê."

Seria tão difícil assim diferenciar o que aconteceu até agora e o que ainda há de acontecer, e adivinhar que tudo não é um sonho, afinal?

segunda-feira

Aonde Formos e o que Acontece De Fato


“Saudades é sentir falta?
Sentir falta é saudade?
Amar é gostar de verdade?
Gostar é amar de verdade?”

O costumeiro sorriso irônico de criança fazendo travessura se fazia na boca dela, enquanto corria e deixava os cabelos tremularem ao vento. Ele arfava a alguns metros de distância, o ar lhe escapando dos pulmões. Nunca ninguém poderia dizer que eles não seriam felizes. De fato eram. A crise que esmagava o país contra a parede fazia pouco caso dos dois. Ou eles faziam pouco caso dela. O apartamento encardido que cheirava a pizza ainda estava lá. Eles também. E as pizzas. O telefone público em frente ao prédio, pelo qual passavam trotes tinha sido arrancado por um acidente. Mas não importava mais. Isso, não mais. Estavam indo buscar o filhinho na escola pública próximo de casa. O índice de violência lá só não era maior do que no subúrbio abandonado da cidade, onde havia mais assaltantes do que pessoas de bem.