terça-feira

Azul


Já são quase dois anos escrevendo n’O Diário. Nossa. Às vezes fico surpreso ao pensar em como tudo acontece, em como todas as histórias se desenrolam. Os ciclos que aparecem e desfazem antes mesmo que qualquer outra coisa possa acontecer. Aprendi muitas coisas desde que decidi escrever por aqui. Aprendi que amor não define só apaixonar-se, mas ficar fascinado pela necessidade boa que temos de alguém. Aprendi que nenhum momento de tristeza é pior do que aquele em que você está sozinho. Que nunca dá vergonha de chorar, nem quando o choro vem justamente da vergonha. Aprendi que ainda existem muitas pessoas incríveis no mundo, e que às vezes elas estão reunidas no meu grupo de amigos. E falando em amizades, descobri que ainda não as fiz todas, que há tanta coisa a enxergar, que somos todos demasiadamente ignorantes, hipócritas. E todos covardes. Descobri que os defeitos dos quais menos gostamos estão na verdade saindo de dentro de nós. Descobri que é possível sentir saudades antecipadas. E descobri que há pessoas que nasceram pra estar ao nosso lado. E que há aquelas pessoas que conseguem fazer rir ainda quando está tudo errado. Aprendi a sorrir também quando isso acontece. Que alguns sentimentos se repetem, como a tristeza de ver mais um ciclo se finalizando. Engraçado isso. Parece que não importa quantas vezes isso vai acontecer, sempre vamos ficar tristes, sentir um aperto estranho, quase uma vontade de simplesmente não existir, só pra não sentir aquilo nunca mais. Mas, pensando bem, é claro que tudo vale a pena, não é? É claro que sim.

segunda-feira

Tal qual

Os papeis riscados com desenhos infantis, desses que as crianças fazem, com monstros e jardins e pessoas sorrindo, tudo harmonicamente rabiscado, como se trombetas soassem longe, anunciando tempos de paz, estavam pregados no chão, com chuvas, sóis e estrelas pendendo para os lados. O balanço já não existia mais. Nem as crianças, tampouco. E havia um tempo nublado, desses que ficam nublados pra sempre, e que só mudam quando há outro ‘começo de tudo’. Havia livros de capa grossa, com suas princesas presas em castelos tentando saltar pela janela, e seus muitos dragões queimando as pontas desgastadas das páginas. E tudo estava tão cheio de um grande vazio, que chegava a ser sufocante.