Fecho meus olhos e só consigo estar de frente pra você. Só consigo enxergar nossa casa, toda pintada de branco, com talhas de madeira sobrando nas laterais. Enxergo um cachorro amarelo e babão que corre pela varanda após um longo e cansativo passeio pela nova poça de lama, que se formou com a chuva de ontem. Vejo janelas de vidro, e me inclino pra olhar dentro da casa. Enxergo crianças se socando no sofá por um consenso sobre o desenho a assistir. O chão está sujo de tinta, e tem uma menina deitada ali, rindo sozinha de tudo aquilo. Ela deve estar pensando que coincidência maior poderia ter acontecido: no primeiro dia de férias, há vários potes de tinta esquecidos sobre a mesa... Nossa, que sorte. Ela esfrega os braços contra o chão grudento e colorido, come um pouco e faz careta. Ah, mas isso não tem gosto de hortelã! O pai se balança de rir atrás da cortina, enquanto tira algumas fotos desconcentradas, e todas saem sem foco algum.
Daí olho as fotos cinzas encima da estante, de dois jovens sorridentes, que não conseguem acreditar na sorte de tudo aquilo. Depois tem outra, onde o rapaz em preto e branco segura um cachorrinho no colo, também em preto e branco. Depois tem mais uma, e mais outra, e mais algumas que os meninos derrubaram numa incrível e sangrenta batalha de espadas. Ponho as mãos nos bolsos, e dou de encontro com algo sólido e frio. Passo os dedos em torno daquilo, e percebo que é uma chave. Os meninos já correm atrás do cachorro amarelo. A menina se ocupa em marcar as paredes da casa. Sorri. Ah, acho que fiz meu nome, ela pensa, após alguns riscos desconexos pela parede branca. Lembro de novo da chave. Vou em direção à porta de entrada. De repente, a menina aparece por trás de mim. Me dá um susto e ri de novo. Ela gosta de dar sustos. Olho pra ela e concluo que deve estar brincando de índio agora, com tanta tinta nas bochechas. Ela abre um sorriso quando me vê com as chaves nas mãos e diz que não preciso delas. A casa esta aberta.
Eu sorrio. Ela ri de novo e diz:
__Sabe, vô, eu te gosto muito, mas as vezes o senhor age de um jeito estranho.
Eu sorrio de volta, e lembro de tudo outra vez.
meudeus!!! que texto lindooo *-*
ResponderExcluirmuito feliz! perfeitamente belo :D
fiquei surpresa no final ser o avô =)
parabéns!
é tão bom planejar a vida.. não é? =} que liindo.. vai ter tudo o que sonha.. tenho certeza, rs. Amei!
ResponderExcluirPrimeiramente: seu texto está lindo! Muito bonito mesmo, eu adorei.
ResponderExcluirSegundo: Sei que você sempre comenta lá no Contando Histórias, e vi seu penúltimo comentário pedindo por uma visita aqui. Estou um pouquinho atrasada, mas antes tarde do que nunca! Não posso perder a oportunidade agradecer, então, obrigada pelas visitas, comentários, e dedicação. Fico feliz em saber que te anima visitar o CH e que você gosta do nosso trabalho. Saiba que são pessoas como você que nos animam a continuar também! Enfim, me desculpo mais uma vez pelo atraso em responder. Virei aqui mais vezes. Beijos!
Isabela - Blog Contando Histórias.