terça-feira

O Menino Voador(de um livro que nunca li)


Tentava e tentava

E não voava

Voava

Deixava os braços contrastarem com o vento

Em alento de mãos pequenas

Lentamente ia fazendo

Tipos e cenas 

De quem poderia voar

E voltava a cair
De cara no chão

Dignidade em mãos 

De um futuro perdedor

Daqueles que nunca aprenderam a voar

E que acabam por tendo que voltar

Pra casa a pé

Ou de ônibus

Ou o que for

Mas não voam

Não ventam

Não fazem desenhos de nuvem

Nem brincam

Com o algodão do céu

Só porque não aprenderam a voar

E corria de novo

E tomava distância

Em pura ânsia

De poder ouvir de perto

O som aberto

Das harpas que os voadores tocavam

As histórias que contavam

Até que um dia

Correu até o penhasco mais alto

Acima da torre mais alta

Acima da nuvem mais alta

Acima do sonho mais alto

E acima do dorso de algodão mais alto

E decidiu que aprenderia

Tomaria distância

Correria

Correria

E pularia

Sentiria o ar entre os dedos

Perderia todos os medos

E de todos os segredos

O mais contado seria o de que aprendera a voar

Que agora sabia zarpar

Entre os camundongos de pernas longas

Que se escondiam em árvores

Daquelas que ficam no céu

E correu

Correu

E

Pulou.

Talvez tivesse aprendido!

Aquilo era voar?

Sentia o vento entre os dedos

Perdia um a um

Todos os medos

Se iam

Ele nem sabia

Só queria mesmo

Era voar

E voou

Voou

Voou


...

De voar

2 comentários:

  1. muito bom!
    adorei *-*

    "Sentia o vento entre os dedos
    Perdia um a um
    Todos os medos"

    tão simples, mas tão rico ao mesmo tempo =)

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