terça-feira

Para os dias em que estamos tristes


''Um último suspiro. Estava tudo escuro. Estava tudo tão frio. Tão cheio de dor. Sentou-se na cama, sentiu as pernas afundarem. Olhou pro chão. Veja só, e ele é que não estava mais ali. Só havia um grande vazio, daqueles em que você nunca vai se atrever a entrar. O telefone pendia pro lado. Os dedos já haviam cedido. Levantou, viu o reflexo borrado no espelho. Sorriu. O reflexo retribuiu o sorriso, sem graça e triste. E sem vida. Um formigamento na nuca já não incomodava mais. Antes incomodaria. Agora, não mais. Viu um rei triste debruçado sobre a mesa de cabeceira, olhando pro nada. Viu suas plumas vermelhas soltando e balançando conforme o vento ia passando. Sentiu que não poderia ficar de pé por muito mais tempo. Então, sentou de novo. De novo as pernas penderam. De novo os dedos ficaram brancos e abandonados. Segurou o telefone, apertou algumas teclas e suspirou. Sabia que nada poderia ficar assim. Mas ninguém sabe como as coisas realmente terminam, não é? Então riu triste, virou um pouco o corpo, e deixou que o cansaço lhe carregasse para a cama.''

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