sábado

Outra nota


Sempre temos algo a dizer. Sempre sabemos a resposta daquele problema que não é nosso. Todos temos uma incrível capacidade para mudar o mundo, só não o fazemos porque não estamos no poder. Sempre ficamos olhando pro vazio, seja no começo ou no fim do dia. Sempre temos problemas medíocres, que podem desconstruir um dia inteiro. Sempre sabemos demais, e nunca sabemos o que realmente deveríamos saber. Sempre estamos um passo além da humanidade. Sempre ficamos sem ar, e sempre esquecemos de respirar enquanto estamos dormindo. Sempre fazemos careta pro sol, sempre buscamos a nuvem solitária no clarão. Estamos sempre procurando aquele brilho diferente, aquela história envolvente, aquele final feliz, aquilo tudo que termina às seis da tarde. Como um monte de coisas que simplesmente derretem. Sempre achamos a fotografia mais comovente no fundo de uma caixa velha esquecida no armário. Sempre queremos mudar e deixar tudo como era antes.

A todos vocês que acreditam que viver diferente é a chave para viver de verdade, a todos que riem pra cara amassada na frente do espelho de manhã cedo, a todos que nem gostam tanto assim de Coldplay, mas acham que Yellow é fascinante, a todos que dão cores para os dias da semana, a todos que gostam de balões, chuvas em vidraças e outro monte de coisas que faz todo mundo se achar único por gostar, a todos que admiram risos de crianças, a todos que são apaixonados por sábados, a todos que correm com o cachorro pelo quintal, a todos que buscam entender o universo, as pessoas, a história, os fatos, os números, os traços, aos que têm vontade de jogar tinta na parede do próprio quarto, aos que odeiam regras, a todos que gostam do espírito do tempo, a todos que não sabem exatamente o que quer dizer não saber exatamente das coisas, aos que contam carros, aos que gostam de ir na janela, aos que falam sozinhos e aos que vivem com uma melodia estranha, amam a vida e amam um monte de coisas estranhas.A todos vocês.E a mim. 

Esse provavelmente foi o último  texto do Diário dos Astronautas. Não sei bem como surgiu essa ideia, mas originalmente eu não escreveria nenhuma das coisas que estão aqui. Faria críticas, resenhas, falaria de coisas sérias. Acho que nunca nem tentei fazer isso, e o Diário dos Astronautas se transformou num muro onde eu escrevo um monte de coisas, conto um monte de histórias, poesias, crônicas, finais felizes, trechos de guerra, e tudo reflexo de dias bons ou péssimos. Escrevo ouvindo música, e geralmente os textos saem todos com um espírito diferente. Foram quase dois anos. Acho que já fiz o que queria. Agora, posso começar tudo de novo. Escrever tudo de novo. Contar tudo de novo. Novas histórias. Novas ideias. Novos ideais. E posso dizer:

Aqui está o diário dos astronautas, que começou num dia comum e termina num dia comum, enquanto chove, toca uma música agradável e um casal se beija.

Um comentário:

  1. Esse foi um dos blogs mais lindo e especial pra mim. Obrigada =)
    "Sempre queremos mudar e deixar tudo como era antes."

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