quinta-feira

circus





Poetas e loucos, bastardos inglórios da sociedade, amontoem-se aqui, por favor!Apresento-lhes agora um magnífico espetáculo, sem dúvida o maior do mundo!Sim, o maior do mundo!E corram, vagas limitadas, lugares marcados, vidas dependendo substancialmente disso para sobreviver!O circo dos palhaços chorosos apresenta orgulhosamente um cérebro humano!Sim!Com apenas alguns pouquinhos usados, nada que vá realmente fazer falta!

Este cérebro aqui,grande publico,é de um ser humano “normal”!Forço-lhes as aspas porque não há como saber quantos seres realmente conscientes existem neste mundo que o fogo há de cobrir. E pouquíssimo usado, o cérebro!Exato, minha senhora de vermelho aí atrás, e meu cavalheiro de chapéu adornado com peles de javali, um cérebro pouquíssimo usado!Novinho, para os padrões de venda, e vocês tendo a honra de ver esta iguaria antes que ela seja injetada numa sala escura de museu!Posso ate contar-lhes a magnífica história do corpo ao qual este cérebro foi alojado!

Esse cérebro pertencia a um corpo esbelto, de pelos ruivos, globo ocular com retícula em perfeito estado. Aos três anos o cérebro entrou numa escola. Este é o nome que os humanos dão ao local que supostamente os cérebros serão treinados.

Este cérebro aqui conseguiu o que os humanos chamam de estação de graduação. Este cérebro entrou a níveis de universidade, e este cérebro sentiu-se atraído por uma fêmea humana, e os dois uniram-se oficialmente pelas leis humanas, algo chamado de casamento. E estes cérebros por meio do ato sexual, após comprovado amor, geraram nova vida, com novo cérebro. É o que vocês ouviram: cérebros formando cérebros!E este cérebro pensou, e amou, e teve uma vida realmente agradável para os padrões humanos. Mas, eu disse, mas, para os padrões humanos. Bem sabemos que os padrões humanos é que destruíram os humanos!

Este cérebro cedeu aos falsos prazeres dos vícios, este cérebro presenciou outros corpos e outros cérebros morrendo de fome e sede. Não ajudou. Este cérebro esgotou os recursos naturais de seu planeta. E, aos sete anos, este cérebro viu o pai dar três tiros na mãe, e este cérebro passou o resto da vida justificando a dor pela dor. Este cérebro riu da dor. Este cérebro falava de política, criticava a corrupção. Este cérebro riu da dor alheia. Este cérebro riu. Riu de maldade. É. Este cérebro comeu bem no natal, data em que os humanos celebram o ‘sei lá o que’ de seu líder que um dia irá voltar. E este cérebro trocou presentes. É o que se faz no natal, não é?Tudo em nome do espírito natalino. Pessoas morreram de fome e de frio fora dos perímetros da casa deste cérebro aqui.

Grande público!Um cérebro de verdade que pertenceu a este mundo chamado terra!Espero que aprendamos com os erros deles e não levemos nosso mundo ao caos também.


Obrigado.

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