sexta-feira

Despedidas


É engraçado como a vida costuma lidar com o tempo. É como uma fuga constante de algo inevitável. É sempre uma tentativa desesperada de adiar despedidas, de neutralizar dores, de conservar sentimentos que de qualquer forma você vai perder mesmo. E passamos então a vida fugindo do tempo, nos escondendo em becos escuros, nos metendo em ruelas desconhecidas. Só pra evitar o tempo.
  Mas, como tudo que está relacionado ao ato de viver, o tempo e a passagem dele são inevitáveis. As pessoas com as quais nos adaptamos a conviver e nos habituamos a rir juntos, as mãos às quais nos acostumamos a segurar... Tudo vai simplesmente passando e dando lugar a coisas novas e talvez até melhores, mas que nunca serão capazes de desfazer o que foi formado com a convivência. É como se construíssemos um castelo suspenso, feito de pedaços da amizade de cada pessoa que conhecemos, e quando o castelo finalmente está tão sólido quanto poderia ser, temos que dar as costas pra toda uma vida e seguir em frente. Porque viver é isso, não é? É acostumar-se com despedidas e aceitar perdas, e conviver com isso como algo normal. Conviver, não acostumar-se. Ninguém se acostuma com despedidas.

Eu, pelo menos, não.

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