Deixou o outro por ali mesmo, desacordado e cheirando a pólvora. Correu para bem próximo. Queria ver tudo de perto. As calças velhas já apertavam as pernas finas e dificultavam até a locomoção. Uma mulher rabugenta passava olhando, e ele fingiu estar perdido. Olhou para os lados, pôs os dedos no ar. Fez alguns gestos estranhos. Coçou a cabeça. Sentiu grãozinhos de areia, correndo feito loucos pelo couro cabeludo. A mulher, ao invés de ir embora, aproximou-se do rapaz de cabelo seboso e escorrido que devia estar perdido. Ela mostrou-se interessada em ajudá-lo, depois de uma visitinha à velha casa que herdara do saxão de quem fora esposa. O velho morrera com estranhas marcas e uns panos velhos enrolados no pescoço, que ela alertara à policia como um brutal suicídio. Os detetives perguntaram o porquê de tanta demora em avisar o ocorrido. Ela viajara a uma cidadela próxima, para visitar uns parentes, argumentou. Por três dias?Sim, ela disse. Ninguém em lugar algum vira ou ouvira qualquer argumento que procedesse com as palavras da mulher.
Nenhuma testemunha. Nada. Mas, como o velho não faria falta a ninguém, a investigação não continuou e tudo foi dado como suicídio. Desde então ela resolvera que seria uma boa levar uns rapazinhos magricelas para uma visitinha de chá de vez em quando. E aquele rapazinho em especial tinha cara de tão sem escrúpulos que ela tinha certeza de que ele não hesitaria em proporcionar alguns minutos de alegria a uma velha e solitária viúva. Ele ficaria satisfeito. Ela, muito mais.
Nenhuma testemunha. Nada. Mas, como o velho não faria falta a ninguém, a investigação não continuou e tudo foi dado como suicídio. Desde então ela resolvera que seria uma boa levar uns rapazinhos magricelas para uma visitinha de chá de vez em quando. E aquele rapazinho em especial tinha cara de tão sem escrúpulos que ela tinha certeza de que ele não hesitaria em proporcionar alguns minutos de alegria a uma velha e solitária viúva. Ele ficaria satisfeito. Ela, muito mais.
Ele não teve escolha. A mulher simplesmente pulou pra cima de suas calças no instante em que adentraram a casa sedenta de limpeza. Os panos apertados e sujos de poeira desciam pelas pernas rasgando e arranhando a superfície de sua pele. Deu uma bofetada na mulher, tão forte que ela caiu uns metros adiante, sangrando pelo nariz. Ah não, ele pensou. É obvio que agora ele seria procurado e preso por agressão. Então pegou um martelo velho que devia pertencer ao último rapaz que estivera ali, e só parou de bater depois que viu o líquido grudento e quente espalhar-se pelo assoalho e escorrer pelas brechas da casa. Escondeu o corpo dentro do sofá, com um corte interno cirúrgico. Riu. Pegou um cigarro. Acendeu. E saiu pela porta da frente, sem dar bola para algumas pessoas que o olhavam com certo nojo. Adivinhem o que fiz, e não sentirão nojo. Riu de novo. Precisava terminar aquilo logo. Agora eles já deviam estar acordando. E ele não queria ter que espancar um a um. Tudo de novo. Não seria bom. Já estava com os braços doloridos da primeira vez. E agora aquela velha também dera algum trabalho, apesar de nem ter podido gritar. Velha maldita. Cio desgraçado. Assassina. Ele tinha feito é um favor à humanidade, tirando do mundo aquela sebosa.
[...]
[...]
Nenhum comentário:
Postar um comentário